Quilo do feijão chega a R$ 11,70. E deve subir.
- Alexandre Meireles
- 24 de jun. de 2016
- 3 min de leitura

Foi-se o tempo em que feijão com arroz era considerado comida de quem tinha pouco poder aquisitivo. O preço do produto não para de subir e está fazendo com que ele desapareça da mesa do paraense. Até mesmo quem tem renda mais elevada está reclamando e revendo o consumo para reduzir o impacto no orçamento familiar.
Com alta acumulada em 46% de janeiro a maio deste ano, o feijão foi o item da cesta básica que mais subiu de preço. Segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), no final do ano passado o quilo do feijão era comercializado, em média, a R$ 4,50 na Grande Belém. Seis meses depois pode ser encontrado, dependendo da marca, de R$3,38 a R$11,70.
Nos supermercados de Belém a reclamação é geral. A cena mais comum é de pessoas olhando, olhando e saindo com a cesta praticamente vazia. Assustada com o preço, a aposentada Marivone Neyrão, 60, trocou o feijão mais caro por outro mais barato e reduziu o consumo de 4 para apenas 1 dia na semana. “Quem tem renda baixa sofre muito com esse preço, não tem como manter o consumo de antes”, diz ela. Na casa da servidora pública, Valdirene Siqueira, 42, o feijão preto, que está custando em média, R$ 5,50 passou a ser consumido todos os dias e não apenas na feijoada do domingo. O motivo é que a outra marca comprada até o início deste ano subiu quase 10% e se tornou inviável para a família. “A gente compra o mais barato, mas não é o mesmo sabor. Infelizmente ficou muito apertado comer do melhor”, lamenta.
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Já a família do mecânico, Ribamar Teixeira, 46, composta de 8 pessoas, não dispensa o feijão. Mas manter a despesa dobrou o gasto que ele tinha com o produto. A alternativa encontrada foi mesclar o consumo com tipos variados do grão. “Uma semana a gente come o mais barato e no dia seguinte o mais caro”, comenta Teixeira. De tão alto, o produto já é chamado pelos consumidores de feijão “ostentação”. “Comer feijão agora e só para os mais chiques e para quem quer ostentar”, brinca a publicitária Ana Karina, 20.
FEIJOADA A R$ 45
Nos restaurantes, a carestia atingiu quem usa o produto no cardápio. No estabelecimento onde Paulo Coutinho é gerente o preço da tradicional feijoada servida aos fins de semana e feriados aumentou em 10%. De R$37,00 o prato agora é vendido a R$45,00. “Antes, vendíamos de 20 a 25 porções por fim de semana, agora só saem no máximo 20. O prejuízo é muito grande”, reclama Coutinho. Para atrair os clientes, o restaurante passou a fazer até promoções com 10% de desconto em todo o cardápio.
De acordo com o Dieese, o preço vai continuar subindo no mês de junho. As razões para tanta alta é a sazonalidade na região Centro-sul do Brasil, que está variando de temperatura, o que provoca quebra na safra. Além disso, a comercialização do produto sofre o aumento da inflação que está aumentando o preço de tudo, incluindo do frete. “O Pará não tem política de abastecimento que garanta estoque de alimentos por longo período e evite consumo mais caro como o que está acontecendo agora com o feijão”, afirma o assessor técnico do Dieese, Roberto Sena.
(Leidemar Oliveira)
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